Será que mudar o mundo para melhor é tão difícil quanto parece? Imagine mudar todo o sistema de ensino que é atualmente utilizado no Brasil, se em vez de turmas, todos estudassem juntos, numa grande biblioteca, parece mais um retrato do puro caos. Mas mesmo o que parece ser caos, pode ter organização, como prova, há uma escola chamada escola da ponte, em Portugal, onde não há divisão de classes, todos os alunos ficam juntos em uma biblioteca, não há professores, os mesmos são chamados de orientadores e só ajudam os alunos se lhes forem pedido ajuda por meio de uma requisição lavrada em papel com antecedência. Os alunos são livres para escolher o que estudar, primeiro quebram a cabeça tentando resolver os problemas sozinhos, usando criatividade, caso não consigam, podem pedir ajuda aos orientadores. Com isso aprendem a serem responsáveis, criativos, resolverem seus problemas por conta própria. Uma das grandes provas do sucesso nessa escola publica é que grande parte dos estudantes são filhos de ex-estudantes que hoje são profissionais de destaque em suas áreas de atuação.
Alguém já imaginou que seria possível mudar o sistema de ensino e isso dar certo? Alguém ainda acredita que seja tão difícil mudar o mundo pra melhor?
Escola da ponte
A Escola da Ponte é uma instituição pública de ensino localizada em Portugal, no distrito do Porto, e dirigida pelo educador, especialista em música e em leitura e escrita, José Pacheco. Lá, os alunos não são divididos em classes nem em anos de escolaridade. Portadores de necessidades especiais dividem o espaço com os outros alunos, sendo a biblioteca o local central da escola. Cada aluno e a maioria dos orientadores educativos são responsáveis por algum aspecto do funcionamento da escola e estes últimos acompanham todos os educandos e trabalham para que conquistem sua autonomia, compreendendo o porquê e o para quê estudar.
O estudo é feito em grupos heterogêneos e dinâmicos, mas ocorrem, também, individualmente e em duplas, cujo critério para formação é o interesse em comum. As crianças podem escolher o que estudar e com quem, e podem solicitar a ajuda de um professor, desde que façam por escrito um pedido de auxílio, deixando claro o que querem saber, o que já sabem e o que já fizeram para aprender. O educador se responsabiliza por orientar a pesquisa, que é feita, predominantemente, em livros e na internet.
Há, também, a caixinha de segredos, onde os alunos deixam recados, pedidos de ajuda, desabafos, dentre outros, sendo esta uma forma, inclusive, de resolver questões relacionadas à tão discutida indisciplina.
Para avaliação, feita de forma continuada, há vários instrumentos, inclusive a auto-avaliação. Planos de aula (o que pretende saber e como proceder); relatório constando suas descobertas e jornal, com a publicação dessas; ata de assembleia – que ocorre semanalmente e é composta por alunos, pais, profissionais de educação e demais agentes educativos para resolver os problemas da escola em conjunto; quadro de solicitações de orientação; disponibilidade para ajudar os colegas; comparação entre o plano de atividades e impressões do trabalho realizado no dia.
O aluno do Núcleo da Iniciação, primeira dos três ciclos da escola, é trabalhado a fim de aprender a: ser pontual, assíduo e zeloso por seus materiais e colegas; a cumprir suas tarefas, pedindo auxílio ao professor só quando realmente precisar; desenvolver sua criatividade e participação, com intervenções pertinentes; elaborar e atualizar seu plano de estudo; reconhecer suas falhas e acertos, nas auto-avaliações; pesquisar, resolver conflitos e se comunicar – oralmente e por escrito – de forma clara e coerente.
Desenvolvendo bem as atividades de grupo, pesquisa e auto-avaliação, a criança passa para o Núcleo da Consolidação, procurando cumprir o currículo nacional destinado ao primeiro ciclo do ensino básico de forma autônoma, consolidando suas competências desenvolvidas na primeira fase.
No terceiro e último núcleo, o do Aprofundamento, os alunos trabalham os conteúdos do segundo ciclo do ensino básico. Eles possuem total autonomia de seu tempo na escola, mas devem participar das aulas de educação física e de laboratório e podem fazer parte de projetos de extensão e de pré-profissionalização.
A maioria dos pais de alunos da Escola da Ponte já pertenceu ao quadro de educandos da escola. Muitos deles, hoje, são pessoas autônomas e de destaque em suas profissões.
Por Mariana Araguaia
Equipe Brasil Escola
Link da materia:
http://www.educador.brasilescola.com/gestao-educacional/escola-ponte.htm
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